Com 263 votos a favor, denúncia contra o presidente Temer é arquivada

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O plenário da Câmara dos Deputados encerrou a votação que rejeitou a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. Foram 263 votos favoráveis ao arquivamento, e 227 contra. Houve ainda 2 abstenções e 19 parlamentares se ausentaram da votação.

Com a decisão, os deputados livraram Temer de responder no Supremo Tribunal Federal (STF) a processo que, se instalado, provocaria o afastamento do presidente por até 180 dias. Agora, Temer responderá no STF somente após a conclusão do mandato, em 31 de dezembro de 2018. O procurador-geral Rodrigo Janot, porém, deverá apresentar outra denúncia contra Temer, por organização criminosa e obstrução de justiça.

A vitória do governo já era esperada. O presidente intensificou nos últimos dias as articulações com os deputados que incluíam a distribuição de cargos e emendas. Ao todo, desde o dia 17 de maio, quando veio à tona o conteúdo da delação premiada do empresário Joesley Batista, acionista do Grupo J&F, Temer se reuniu pessoalmente com mais de 200 parlamentares no Palácio do Planalto.

Sessão
A primeira sessão na Câmara dos Deputados iniciou às 9h desta quarta-feira (2/8) e foi encerrada por volta das 14h. Logo em seguida, foi aberta uma nova sessão, que atingiu quórum para votar a denúncia 15h30. Após várias tentativas de obstrução da oposição, a votação começou efetivamente por volta das 18h30 e foi encerrada por volta das 22h.

Em discursos de apenas 15 segundos para declarar o voto sobre o parecer, a “família” e “Deus” (a que muitos recorreram à época do impeachment) foram preteridos pela “economia”. Deputados aliados citavam as reformas, a retomada do crescimento e redução do desemprego.

Denúncias

Em maio, a Procuradoria acusou Temer de corrupção passiva, obstrução de justiça e organização criminosa. No mês seguinte, apresentou a primeira denúncia por corrupção passiva. Nesta quarta-feira (2), enquanto os deputados votavam, o procurador-geral, Rodrigo Janot, apresentou pediu ao STF que inclua Temer e seus ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco no inquérito do “quadrilhão” do PMDB, fatiamento do chamado “inquérito mãe” da Lava Jato.
Segundo Janot, não trata-se de uma nova denúncia. Como Temer já é alvo de inquérito no STF sob a suspeita de participação em organização criminosa, o procurador-geral esclareceu que “não se trata de uma nova investigação contra o presidente da República, mas de uma readequação daquela já autorizada no que concerne ao crime de organização criminosa”.
O presidente foi denunciado sob a acusação de ser o destinatário de uma mala com R$ 500 mil repassados pela J&F para o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), seu ex-assessor. Foi a  primeira vez que um presidente da República sofreu acusação formal por um crime comum no exercício do cargo. (Com informações da Agência Estado)