O Sudeste
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do partido Democratas, é discretíssimo. No geral, prefere discutir questões concretas, como a reorganização das contas do Estado. Porém, evidentemente, articula com habilidade sua reeleição, conquistando novos apoios e sedimentando as velhas alianças. Ele é o tipo de “general” político que, na guerra eleitoral, não deixa seus soldados para trás. Faz questão de visitar os aliados e, sobretudo, de ouvi-los atentamente.
Às vezes, por ver o quadro político com mais clareza, desagrada um ou outro aliado. Mas, aos poucos, dada sua franqueza e firmeza de propósitos, reabre o diálogo e reconquista o apoio que parecia perdido para sempre. Recentemente, depois de muito ouvir — algumas queixas são pertinentes, outras não —, conseguiu atrair, de volta para sua aliança, políticos que estavam ligeiramente afastados. O presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (de saída do PSB), o prefeito de Catalão, Adib Elias (Podemos), o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), o ex-ministro Alexandre Baldy (PP) e o ex-prefeito de Goianésia Renato de Castro (sem partido) voltaram à sua base. Aliás, nem haviam saído. Estavam, na verdade, descontentes, com a aliança do governador com o presidente do MDB, Daniel Vilela. Aos poucos, estão assimilando o jovem emedebista, por avaliarem que, de fato, pode contribuir para facilitar a reeleição de Ronaldo Caiado.
No momento, além de preocupado com as contas do Estado e com a reformatação de sua base política — o Republicanos está “rechegando” e é preciso “reconquistar” o recalcitrante senador Vanderlan Cardoso (PSD — há quem fale até que pode disputar o governo) —, Ronaldo Caiado, embora pouco fale do assunto, está possivelmente rearticulando a remontagem de sua equipe, até para atender a nova recomposição política. O governador também não gosta de falar do assunto para não criar instabilidade na equipe.
A saída do secretário da Indústria, Comércio e Serviços, José Vitti (DEM) — que, como vai disputar mandato de deputado estadual (em dobradinha com Lissauer Vieira), precisa de tempo para reestruturar sua base política no interior —, pode precipitar a reforma.
Vitti deve deixar o cargo em novembro (e não mais em dezembro). Cogita-se da indicação de Joel Santana Braga Filho para a Secretaria da Indústria, Comércio e Serviços. Ronaldo Caiado tem apreço pelo executivo, que já presidiu o PFL (atual DEM) metropolitano, e chegou a indicá-lo para o secretariado do ex-governador Alcides “Cidinho” Rodrigues.
No sábado, 23, um auxiliar de Ronaldo Caiado disse ao Jornal Opção: “De fato, o governador prefere não falar em reforma do secretariado. Mas estou ‘sentindo’ que Ronaldo quer começar o ano com time novo. Mas aposto, se o conheço bem, que não fará muitas mudanças. Ele aprecia trabalhar com técnicos qualificados e que não perdem tempo discutindo política. Contudo, intuo, porque o governador nunca me falou a respeito disso, que o governo, a partir de agora, será mais político”.
O deputado federal Delegado Waldir Soares poderá indicar o delegado-geral da Polícia Civil, por exemplo? Sim. O secretário de Segurança Pública pode ser indicado por políticos? É possível, quem sabe pelo deputado João Campos ou por Delegado Waldir. Mas Ronaldo Caiado aprecia o trabalho de Rodney Miranda. O empresário e político Jalles Fontoura pode ser convidado para ocupar a Secretaria da Economia? Não se sabe. (Ele já foi secretário da Fazenda, e era considerado eficiente e respeitado pelo Fisco.) Não se sabe. O governador nunca falou sobre o assunto com seus auxiliares. O que se sabe é que Cristiane Schmidt, a dama de ferro, está firme no cargo. Vilmar Rocha pode ser convocado para a Secretaria da Educação ou para o Gabinete Civil? O que se sabe é que, se quisesse, o presidente do PSD já estaria na equipe. Mas há quem especule que ele será suplente de Henrique Meirelles na disputa para senador (o que pode atrair para a campanha os irmãos Otavinho Lage e Jalles Fontoura, que são praticamente “irmãos por escolha” de Vilmar Rocha).
Comenta-se também que a deputada federal Flávia Morais, até por ser “boa de voto”, deve indicar um aliado, talvez o marido, George Morais, para o primeiro escalão — quiçá a presidência do Ipasgo.
O MDB vai indicar alguém para o primeiro escalão. Pedro Chaves é cotado para ocupar a Agehab (a indicação também pode ser feita por Adib Elias) ou o Detran (Marcos Roberto deve deixar o órgão, em 2022, para coordenar a área financeira da campanha de Ronaldo Caiado. Decente e competente, organizou o Detran e acabou com a roubalheira no órgão). O que se sabe é que Daniel Vilela não está preocupado com indicações para o primeiro escalão. O MDB já está indicando membros para cargos no segundo escalão — como Murilo Ulhoa e Carlos Júnior.
O Republicanos está menos preocupado com cargos e mais com o apoio do governador à gestão do prefeito de Goiânia, Rogério Gomes. O gestor municipal pretende deixar como sua principal marca na capital a construção do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), no Eixo Anhanguera, que, por sinal, pertence ao governo do Estado. Comenta-se que o VLT, mesmo sem ter sido construído, teria uma dívida de 350 milhões de reais. Se a prefeitura assumir a dívida, e se realmente conseguir 2,5 bilhões para tocar a obra, o governo não colocará nenhum obstáculo. Pelo contrário.
Jornal Opção