Trump revelou informações secretas a ministro e embaixador da Rússia, diz jornal

Segundo atuais e ex-funcionários do governo americano, que não tiveram seus nomes citados pelo jornal, as informações divulgadas por Trump às autoridades russas colocam em risco uma fonte de inteligência sobre o grupo Estado Islâmico. Essa fonte teria acesso a trabalhos internos do grupo extremista.

As informações repassadas por Trump têm a ver com a ameaça terrorista relacionada ao uso de laptops em voos, dizem as fontes. No final de março, os EUA proibiram a presença de dispositivos eletrônicos – como tablets e laptops – em voos procedentes de vários países do Oriente Médio.

Essas informações teriam sidas transmitidas ao governo americano por um parceiro dos EUA por meio de um acordo de compartilhamento de inteligência considerado tão sensível que os detalhes foram totalmente divulgados dentro do governo americano. O parceiro não deu permissão para que os EUA compartilhassem o material com a Rússia, ainda segundo as fontes do “Washington Post”.

De acordo com o jornal, o presidente americano tem autoridade para “desclassificar” informações consideradas secretas. Mas, para a maioria dos funcionários do governo, a revelação de informações secretas seria considerada um ato ilegal.

O conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Raymond McMaster, afirmou após a repercussão da reportagem que seu conteúdo é “falso”. “Eu estava na sala, e não aconteceu”, afirmou a jornalista em um breve comunicado no jardim da Casa Branca.

Segundo McMaster, Trump discutiu uma série de assuntos com as autoridades russas. “Em nenhum momento foi conversado sobre fontes ou métodos de inteligência, e nenhuma operação militar que ainda não fosse conhecida publicamente foi divulgada”.

Em entrevista à rede CNN, o jornalista Greg Miller, um dos autores da reportagem do “Washington Post”, disse que McMaster fez um “jogo de palavras”, já que o texto não fala que a informação secreta repassada era sobre isso.

Mais cedo, o secretário de Estado Rex Tillerson emitiu um comunicado em que também afirmava que Trump não discutiu “fontes, métodos ou operações militares” na reunião com Lavrov. Tillerson acrescentou que os líderes falaram sobre um “ampla variedade de assuntos”, incluindo “ameaças de contra-terrorismo”.

O encontro com Lavrov e Kislyak aconteceu um dia depois de Trump demitir o então diretor do FBI, James Comey, que comandava as investigações sobre a suposta interferência russa nas eleições de 2016. A demissão causou uma tormenta política sobre a Casa Branca.

Trump é acusado de obstruir a Justiça com a demissão. Nesta segunda, um congresista democrata defendeu um processo de impeachment contra Trump. Ao justificar sua decisão, o presidente disse que Comey não conseguia “liderar efetivamente”, que uma nova liderança era necessária e que seguia recomendações do procurador-geral, Jeff Sessions, e do vice-procurador-geral, Rod Rosenstein.