Alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Michel Temer confirmou na tarde de quinta-feira (18/5) que não vai renunciar. Para o deputado goiano Thiago Peixoto (PSD), o posicionamento do peemedebista demonstrou uma “liderança forte”, mas o parlamentar enfatiza a necessidade de uma solução rápida para a situação. Enquanto a política não se resolve, o Brasil sangra”, avalia. Diante do cenário de incertezas políticas, o parlamentar concedeu uma entrevista ao jornal A Redação nesta sexta-feira (19) para analisar o futuro da presidência.
Temer é investigado pela Polícia Federal por suspeita de comprar silêncio de Eduardo Cunha. A informação consta na delação do dono da JBS, Joesley Batista. Thiago disse que acompanhou toda a situação pelos noticiários. No dia seguinte da primeira reportagem sobre o caso, um áudio com uma conversa entre o empresário e o presidente acabou vazando. “Confesso que o que eu li não foi exatamente o que ouvi. Antes do áudio, tive a impressão de que a gravidade do caso seria maior”, comentou.
A possibilidade de renúncia chegou a ser sugerida nos bastidores políticos, mas contrariada por Temer durante o pronunciamento. “Acho que o posicionamento foi forte, positivo para ele, pois mostrou uma liderança forte”, avaliou o deputado goiano. “É claro que, independentemente disso, o caso é grave porque instalou uma crise que está refletindo diretamente na economia do país”, completou ao defender que haja investigação. “Se for comprovado, é insustentável a continuação dele”.
Caminhos da presidência
O agravamento da crise política, com a divulgação da investigação da PF, abriu debates sobre o futuro da presidência da República. Temer não conseguirá concluir o mandato em duas hipóteses: julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da chapa Dilma-Temer ou impeachment. A terceira possibilidade – renúncia – já foi descartada pelo próprio presidente.
Thiago Peixoto confirmou ao AR que, em virtude do atual cenário, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados decidiu retomar a discussão sobre a PEC 227/16 na terça-feira (23/5). De autoria do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), a proposta prevê eleição direta em caso de vacância do titular. Atualmente, a eventual saída de Temer provocaria eleição indireta pelo Congresso.
Para o parlamentar goiano, a PEC tem seu valor dentro de uma análise de longo prazo, mas tem dúvidas se seria o melhor caminho a ser seguido atualmente. “Do ponto de vista do mérito, eu concordo que a eleição direta é a melhor saída. Mas analisando a atual situação, seria um caminho longo e desgastante. Respeitando todos os prazos, e fazendo uma previsão, ocorreria eleição só em março ou abril do ano que vem. Então eu acho difícil planejar algo sólido em tempos de imprevistos”.