Roberto Naves, Adib Elias, Lissauer Vieira e Lincoln Tejota: um deles será vice de Ronaldo Caiado em 2022

0
323

Por O Sudeste

Não há eleição para vice. É um fato irretorquível. Ma non troppo. O vice do governador Ronaldo Caiado em 2022 estará disputando a vice, mas com a possibilidade de, se o líder do partido Democratas for reeleito, se tornar governador em 2026. Isto é, insistindo, se Ronaldo Caiado, uma vez reeleito, deixar o cargo, em 2026, para disputar uma das vagas de senador.

Portanto, tão disputado quanto o governo de Goiás será a vice de Ronaldo Caiado — desde já, o favorito para a disputa de 2022, dada sua avaliação positiva em todo o Estado.

O vice-governador Lincoln Tejota planeja permanecer na vice e o governador Ronaldo Caiado nunca fez nenhuma menção — pública — de que vai trocá-lo. Mas, na política, há o que chamam de “reconfiguração da correlação de forças”. O partido Cidadania, presidido por Lincoln Tejota, não foi nada bem na disputa eleitoral de 2020. Não elegeu sequer um prefeito em cidade com mais de 100 mil habitantes (Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Rio Verde, Luziânia, Águas Lindas).

Portanto, do ponto de vista político-eleitoral, Lincoln Tejota não tem a mesma força de 2018, quando se tornou vice.

Dada a fragilidade político-eleitoral de Lincoln Tejota, a vice está aberta — quer dizer, em jogo. Há pelo menos três nomes a postos para ocupá-la na disputa de 2022.

Não há a menor dúvida de que a estrela da eleição de 2022 em Goiás é o prefeito de Anápolis, Roberto Naves. O líder do partido Progressistas enfrentou um ícone — agora, ex-ícone — da política do município, Antônio Gomide, o petista que os eleitores não percebiam como red.

Desde o início, Roberto Naves dizia que, ao contrário do que postulava a visão tradicional, gostaria de enfrentar exatamente Antônio Gomide — talvez para acabar com o mito do político tido como imbatível. Na disputa, o líder do PP derrotou o petista nos dois turnos — tornando-se, assim, o principal líder político de Anápolis (e um dos maiores do Estado), a cidade, em termos históricos e políticos, mais importante de Goiás, depois de Goiânia.

O Progressistas, tudo indica, terá uma vaga na chapa majoritária em 2022. Há quem postule que o ex-ministro Alexandre Baldy, presidente do partido em Goiás, deverá ser candidato a senador. Mas há quem aposte que, dado o crescimento do partido na disputa de 2020, um de seus integrantes deve pleitear a vice. Exatamente pelo que se disse no primeiro parágrafo deste texto.

Roberto Naves, reeleito prefeito, tende a consolidar sua administração — que todos consideram modernizadora — nos próximos dois anos. Ele aprecia ser prefeito e adora Anápolis. Mas, se bancado pelo Progressistas, pode ser o vice de Ronaldo Caiado. O governador, por sinal, gosta de sua energia positiva, sobretudo de sua ousadia e capacidade de articulação política. Os dois são verdadeiros workaholics — apaixonados por política e gestão.

Não será surpresa, então, se, em 2022, Roberto Naves for convocado para ser vice de Ronaldo Caiado, que, como se sabe, nasceu em Anápolis. Os eleitores do município, por certo, ficarão orgulhosos com uma chapa Ronaldo Caiado-Roberto Naves (curiosamente, os nomes Ronaldo e Roberto começam com “R” e terminam com “O”, têm sete letras, quatro consoantes e três vogais. Místicos diriam: “Tudo a ver”). Frise-se que o prefeito não se posicionou a respeito.

Mas não é apenas Roberto Naves que está jogo, posicionado ou não.

O prefeito de Catalão, Adib Elias, foi reeleito, derrotando um candidato bancado por Daniel Vilela, Elder Galdino (MDB), e um candidato bancado pelo ex-governador Marconi Perillo, o deputado estadual Gustavo Sebba (PSDB). Filiado ao Podemos, e contando com o apoio do deputado federal José Nelto, é cotado para a vice de Ronaldo Caiado.

Adib Elias é médico, como Ronaldo Caiado — estudaram no Rio de Janeiro —, e são amigos (mesmo quando não eram aliados políticos) há vários anos. Em 2018, o prefeito foi decisivo para levar parte do apoio do eleitorado do MDB para Ronaldo Caiado — o que desidratou a candidatura de Daniel Vilela.

Mas Adib Elias deixaria a Prefeitura de Catalão, a mais importante do Sudeste goiano, para ser vice de Ronaldo Caiado, daqui a um ano, nove meses e 25 dias? Segundo o deputado José Nelto, deixaria sem pestanejar. O líder do Podemos vai administrar a cidade pela quarta vez, portanto pode abrir espaço para seu vice, João Sebba Neto, de 69 anos, assumir a prefeitura. João Sebba é médico, tido como uma pessoa séria e competente. A cidade nada perderia com ele na gestão.

Então, pode-se dizer que Adib Elias está no jogo. Sublinhe-se que Ronaldo Caiado o aprecia como político, tanto pela capacidade de articular quando pela retidão moral, e amigo.

Há um quarto nome no jogo — Lissauer Vieira (PSB), presidente da Assembleia Legislativa. O deputado estadual se tornou aliado do governador Ronaldo Caiado e os dois têm jogado juntos com habilidade.

Por lealdade a Ronaldo Caiado, o líder do PSB — que pode trocar o partido pelo Podemos — apoiou a reeleição do prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale (Democratas). Os dois políticos não se dão muito bem, mas, se Lissauer Vieira tivesse apoiado a candidatura de Osvaldo Fonseca Júnior, do MDB, poderia ter feito a diferença.

Resta saber: Paulo do Vale banca Lissauer Vieira para a vice de Ronaldo Caiado? Talvez sim. Talvez não. Se apoiar, será um gesto de inteligência política, porque a vaga de candidato a deputado federal (projeto do presidente da Assembleia) ficará aberta para o grupo do prefeito.

O fato é que Lissauer Vieira está no jogo, mas, por falta de apoio político substancial, está atrás de Roberto Naves e Adib Elias, mas possivelmente empatado com Lincoln Tejota, ou até um pouco à frente do vice-governador. Frise-se que o governador tem estima pelo deputado.

Pode surgir outro nome? Pode, é claro, dada a imponderabilidade da política e da vida.

O vice-governador permanece no jogo

Pode-se sugerir que Lincoln Tejota está inteiramente fora do jogo? Não. Mas, como todo governo tem desgaste, o governador Ronaldo Caiado vai precisar formatar uma chapa mais política e eleitoralmente encorpada, tanto na capital quanto no interior. Aí está o problema do jovem vice-governador — que perdeu substância e tem dificuldade de articular com os vários grupos políticos.

O fato é que as articulações devem começar agora, e não em 2022. O futuro começa a ser desenhado no presente. A eleição será disputada daqui a um ano, nove meses e 25 dias. Parece distante? Não é.

Jornal Opção

Fotos de Lincoln Tejota, Roberto Naves e Lissauer Vieira: Fernando Leite