Por O Sudeste
O goiano Henrique Meirelles (PSD), que ocupa o cargo de secretário estadual da Fazenda e Planejamento de São Paulo, falou a empresários goianos na noite desta terça-feira (27/7) em encontro virtual sobre o momento da economia brasileira. Na única pergunta que respondeu sobre as eleições de 2022, Meirelles disse que vai decidir “na hora certa”. “Caso eu tenha a oportunidade de ajudar Goiás, seja com a minha experiência na propositura de legislações e de atrair investimentos para o Estado, será uma grande satisfação.”
Mesmo ao afirmar que “não está na hora” de discutir sobre disputar a vaga ao Senado no ano que vem nas urnas, Meirelles avaliou a possibilidade. “Só alguém que tem uma conexão internacional pode de fato trazer investimentos para o Brasil e para Goiás”, ponderou o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central. Momentos antes, disse que não toma decisão precipitada. Mas encerrou o assunto com “vamos conversando e, na hora certa, vamos tomar essa decisão”.
Durante o evento on-line com empresários goianos, o secretário de Fazenda e Planejamento do governo de São Paulo falou sobre o momento da economia brasileira e respondeu perguntas enviadas previamente pelos participantes. “São os empresários que geram riqueza e emprego no país”, enalteceu a plateia Meirelles nas primeiras declarações.
Crise econômica
Ao comentar a crise econômica vivida pelo Brasil desde 2020, o ex-ministro da Fazenda afirmou que a queda na situação veio de forma inesperada, causada por uma crise sanitária, a pandemia da covid-19. “Em 2008, eu estava no Banco Central. Naquele ano uma crise de crédito, com origem na falta de reserva de crédito em dólares. Enfrentamos através de oferta de crédito, de reservas cambiais. Em 2015 e 2016 tivermos outra crise gravíssima, talvez pior na queda do PIB brasileiro em 5,2%. Enfrentamos atacando a causa, que era fiscal”, lembrou.
Meirelles destacou que, em média, o mundo sofreu queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5 pontos percentuais, enquanto o Brasil viu a queda chegar a 4,1%. “Inicialmente, se esperava uma crise maior em nosso país. A demanda por commodities ajudou na recuperação. A perspectiva atual de crescimento em 2021 é de 5,3% no Brasil.”
De acordo com dados apresentados pelo secretário do governo paulista, os Estados Unidos devem puxar a recuperação econômica do mundo com um crescimento no país norte-americano de 7% no PIB. Meirelles alertou que a alta da inflação no Brasil preocupa o mercado. “A inflação já passou dos 8% em 2021, que é causada por uma desorganização na cadeia produtiva”, pondera.
Segundo Meirelles, o momento do Brasil deixa o investidor inseguro, o que faz com que o empresário tente se proteger com aumento do preço dos produtos. O ex-ministro da Fazenda aponta indicadores como o desemprego elevado e o risco de crise hídrica como fatores para não estar tão otimista com os sinais de recuperação dos últimos meses. “Corremos risco de faltar energia com a escassez de água nos reservatórios. No Sul e Sudeste, a previsão é de 26% de água no nível dos reservatórios, o que é relativamente baixo.”
Aumento de gastos
O goiano alerta para o risco que aumento dos gastos no pleito de 2022 pode representar, principalmente com a previsão de aumento de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões do fundo eleitoral para o ano que vem previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada pelo Congresso. “Gastos eleitorais elevados podem nos levar a uma incerteza fiscal”, observa.
Confiante de que a recuperação econômica virá com aumento da produtividade no país, Meirelles defende ser importante não deixar os gastos públicos saírem do controle. Cita a reforma trabalhista como um avanço, mas diz que é preciso fazer mais. “É preciso fazer uma reforma tributária completa, não só para resolver o problema de arrecadação do governo federal, como está proposto hoje”, analisa.
Meirelles cita a necessidade de se fazer a reforma administrativa, com valorizaçãos “dos bons servidores públicos”, e aumentar os investimentos em infraestrutura, transporte e logística para dar condições de real recuperação da economia brasileira.
Aposta nas vacinas
A grande aposta de Meirelles para sair da crise causada pela pandemia na economia está depositada no uso das vacinas. “A boa notícia do ano é a eficácia das vacinas, que melhoram muito a perspectiva quanto à gravidade da doença e diminuem muito o contágio.”
Para o secretário paulista de Fazenda e Planejamento, o exemplo do sucesso do trabalho de políticas públicas na economia durante a crise sanitária está nos números apresentados pelo governo de São Paulo. “São Paulo foi um dos poucos locais no mundo que apresentou crescimento no PIB. Para 2021, as projeções apontam crescimento próximo de 8%.” Meirelles cita o programa “Retomada 20-21”, que tem expectativa de aplicar mais de R$ 20 bilhões em investimentos, parte já em andamento.
A atração de investimento privado é apontada por Meirelles como o caminho para avançar em obras de infraestrutura no Brasil e em Goiás. “A economia goiana tem muito potencial. Existe muita disponibilidade de recursos no mundo. Existe a possibilidade de atrairmos investimentos. Estou no processo de procurar ajudar Goiás a direcionar investimentos para o Estado no agronegócio, na indústria e no comércio com grandes fundos internacionais.”
E continua: “Nós sabemos o que fazer. Precisamos de fato fazer. Um projeto de sucesso é 50% estratégia e 50% execução”. Questionado sobre a privatização de empresas como Correios e Petrobras, Meirelles se posicionou favorável, desde que não haja monopólio com a atividade nas mãos da inciativa privada. “Sou uma pessoa que acredita fortemente na privatização. […] Mas é preciso garantir que haja concorrência”, afirma o ex-ministro da Fazenda.
Crédito barato
Na recuperação das empresas, Meirelles defende que haja oferta de crédito barato aos empresários brasileiros para ajudar a alavancar a economia novamente. “O Banco Central tem tomado as decisões certas de baixar e depois subir a taxa de juros, mas o fato é que a inflação está elevada. Para corrigir isso tem que ter um rumo claro na economia, um controle de gastos público para dar confiança aos empresários. É preciso sinalizar aos agentes econômicos de que a economia tem comando”, pontua.
A Redação/Augusto Diniz