Faço meu trabalho e as agências de classificação fazem o delas’, diz Meirelles

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Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles anuncia durante entrevista a imprensa, o novo presidente do Banco Central, o economista Ilan Goldfajn (José Cruz/Agência Brasil)

Brasília – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, respondeu “eu faço meu trabalho e as agências de classificação fazem o delas”, ao ser questionado nesta terça-feira, 30, sobre o que pensa em relação aos alertas recentes de agências de classificação de risco em relação à nota brasileira.

Nos últimos dias, a Moody’s alterou a perspectiva do rating Ba2 do Brasil de estável para negativa e a Standard & Poor’s colocou o rating BB em revisão para possível rebaixamento. Segundo o ministro, se for dada continuidade à agenda econômica, haverá retomada da economia e o rating irá melhorar gradualmente. “Com a retomada, acho que o rating das agências vai gradualmente refletir isso”, disse Meirelles.

Para o ministro, a Moody’s e a S&P fizeram o alerta de que estão observando a situação, “como devem”. Meirelles afirmou que, observando a economia do ponto de vista do mercado, há incertezas sim. “Mas do lado do mercado, a volatilidade dos juros e do câmbio não foi tão forte assim”, ponderou. “Se formos ver o risco País medido pelo CDS vamos ver que estava acima de 500 pontos e está em 240”, disse.

Diferença de 1 ano
O ministro da Fazenda ressaltou os avanços da economia a despeito das incertezas no campo político. Durante entrevista após ter feito palestra no Fórum Investimentos Brasil 2017, ele destacou a diferença entre este ano e o ano passado, quando a economia se encontrava no fundo do poço.

“Que diferença faz um ano? No ano passado, nós estávamos realmente no fundo do poço. A crise no seu pior momento, desemprego aumentando, sem perspectiva e etc. E hoje o País está crescendo, está criando emprego e vai melhorar durante o decorrer do ano. Portanto, eu acho que o País tem condições de passar normalmente pelo processo político”, disse o ministro. Segundo Meirelles, na medida em que os fundamentos da economia estão sólidos, a trajetória de gastos públicos, que sempre foi uma fonte de instabilidade, passará a ser controlada.

“Nós temos já uma série de medidas aprovadas nessa direção. Então hoje a economia, já crescendo, criando empregos, temos portanto uma resistência muito maior”, afirmou. Meirelles citou as reservas internacionais, em mais de US$ 370 bilhões de dólares. Para ele, hoje o País já está em condições de prosseguir normalmente e passando pelas questões políticas que vão sendo decididas normalmente sem que qualquer incerteza gere crise econômica.

Nova Matriz Econômica
O ministro da Fazenda descartou a chance de volta à Nova Matriz Econômica, como ficou conhecida a política adotada pelos governos do PT, num possível cenário de saída do presidente Michel Temer do cargo. “Nós vão vemos hoje no País condições ou pessoas que tenham de fato potencial de assumir o País num futuro próximo que estejam propondo uma reversão dessas políticas”, disse, referindo-se às atuais.

“Eu não vejo aqui uma iminência de que, de repente, nós vamos voltar à Nova Matriz Econômica, que trouxe o Brasil a essa crise”, continuou. Ele afirmou que seria preciso deixar as questões políticas e econômicas cada uma no seu devido lugar porque a economia está crescendo, apesar das turbulências políticas. “Vamos deixar as coisas cada uma no seu devido lugar. A economia está crescendo, vai continuar a crescer, o País está fazendo as reformas fundamentais”, declarou. Meirelles acrescentou que não vê atualmente “clima para voltar atrás”.
O ministro reforçou que, na sua hipótese de trabalho, acredita que haverá continuidade do governo Temer e que eleições diretas não representam um “cenário plausível”. Perguntado se estaria disposto a concorrer ao cargo de presidente em uma eleição indireta, Meirelles reafirmou que não trabalha com hipóteses e que não perde tempo com isso. O ministro repetiu que é “candidato a fazer o País voltar a crescer neste governo”.

Ele disse ainda que o risco de o cenário político interferir no andamento da agenda econômica “sempre existiu” e lembrou a situação da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos no ano passado. Para ele, o que ocorre hoje é uma “reprise” do que aconteceu durante o debate da medida que limita os gastos públicos. (Agência Estado)