A calma superou a loucura e foi a chave para definir quem é o invicto supremo. O Corinthians jogou com a precisão de sempre para aplicar 2 a 0 no Palmeiras, nesta quarta, no Allianz Parque, pelo Campeonato Brasileiro. Líder disparado da competição, o time alvinegro superou a pressão do maior rival para chegar ao 27º jogo seguido sem perder e derrubar o Alviverde em casa após 31 jogos e quase um ano de invencibilidade. Agora os dois clubes estão separados na tabela por 16 pontos.
O frio e ponderado Corinthians enfrentou a pressa e a insanidade do Palmeiras. O “pilhado” time da casa tinha tanta vontade em reduzir de 13 para dez pontos a diferença, ganhar do rival em casa e diminuir a expectativa da torcida, que era mais desespero e menos futebol.
Prevaleceu, porém, a organização e a tranquilidade de quem sabe a hora de definir o jogo. Os adversários conhecem de cor a escalação do Corinthians, como é o estilo de jogo e quais os pontos fortes. Só não descobriram como deter o cada mais vez favorito ao título.
O clichê de tratar o clássico como um campeonato à parte mexeu com os clubes. As delegações saíram rumo ao estádio cercadas de festa pelas torcidas e em campo sentiram o público bastante exaltado. O locutor da arena encerrou o anunciou das escalações com o chamado para os palmeirenses gritarem, pedido prontamente aceito e repetido a cada simples dividida.
O público inteiramente alviverde perseguiu com vaias o ex-palmeirense Gabriel durante o jogo e viu o time nervoso em campo, contaminado pelo excesso de vontade. Nos 20 primeiros minutos errou passes demais, mesmo com 71% de posse de bola. O Corinthians permaneceu paciente, ao estilo habitual, e tratou de confiar na firme defesa enquanto o adversário tocava a bola sem levar perigo.
O estilo tranquilo corintiano era próprio de quem é confiante e parece ter a certeza da oportunidade para golpear. A chance do bote veio no desarme errado de Bruno Henrique em Guilherme Arana. O ex-corintiano fez falta na área e deu a chance para Jadson converter o pênalti, aos 22 minutos de jogo. Era a senha para o Palmeiras aumentar de vez o nervosismo.
A partida virou de vez o confronto de ataque contra defesa. O sufoco desordenado do Palmeiras teve momentos de zagueiro Mina como armador e de Róger Guedes correr tanto que esqueceu da bola. O melhor momento do primeiro tempo foi a reclamação de um pênalti por toque na mão. O calmo e organizado Corinthians soube conter esse ímpeto.
O técnico Cuca mexeu no segundo tempo e deixou o time com cinco atacantes de origem em campo. A pressão serviu para intensificar a aula defensiva dada pelo Corinthians. O principal “professor” era Pablo. Bem posicionado a cada cruzamento, ele era a grande proteção para manter Cássio imune pela sétima rodada consecutiva.
O Corinthians suportou a pressão à espera de nova ferroada. Aos 19 minutos da etapa final o zagueiro Balbuena lançou para Guilherme Arana bater cruzado e ampliar. Era o golpe tão aguardado e decisivo.
A desvantagem selou a revolta da torcida do Palmeiras. Antes tão empolgada, ficou irritada com os inúmeros erros de um time que investe muito, mas não se organiza em campo. Nesse fundamento, aliás, o Corinthians é exemplo. A tática e a calma são as chaves da supremacia do futebol de campeão. (Agência Estado)