Bravo tirou Portugal da Copa das Confederações ao defender três pênaltis seguidos na decisão por tiros livres depois do empate sem gols no jogo e prorrogação na semifinal desta quarta-feira (28/6). Fez o que poucos em sua posição conseguiram em anos de carreira e deu a vitória ao Chile. Foi eleito o melhor da noite. Negou-se a tomar gol de Cristiano Ronaldo nos 120 minutos de bola rolando. Negou-se também a buscar a bola no fundo das redes nas penalidades cobradas por Quaresma, João Moutinho e Nani.
Em suas mãos, Portugal sofreu e parou em Kazan. Deu adeus ao título da competição. De suas mãos, e dos tiros certeiros de Vidal, Aranguiz e Sanchez, saiu a classificação do Chile para a final do torneio na Rússia. Os chilenos agora aguardam o outro finalista do duelo entre Alemanha e México, que jogam nesta quinta, em Sochi. Após o milagre de Bravo, o goleiro foi atirado para o ar pelos companheiros e aplaudido pela torcida.
Portugal foi valente durante o jogo. Enquanto a torcida chilena, mais de 12 mil no país-sede, fazia festa nas numeradas da Arena Kazan, a seleção portuguesa tratou de jogar bola. Nos primeiros 45 minutos, o time comandado por Cristiano Ronaldo foi mais efetivo, esteve mais tempo no campo do adversário e teve as mais claras chances de gol. Portugal foi mais encorpado. O Chile jogou por uma bola enfiada entre a linha de marcadores do rival europeu. Ora para Alexis Sanchez, ora para Vargas.
O técnico Juan Antonio Pizzi cumpriu sua promessa de não fazer marcação individual em Cristiano Ronaldo. Foi seu maior erro. O atacante do Real Madrid ganhava todas as bolas, fazia passes para seus companheiros, como o que cruzou a área da esquerda para a direita até encontrar André Silva aos 7 minutos. O português parou na defesa de Bravo. Minutos antes, Vargas recebeu de Sánchez na primeira jogada ofensiva que deu certo para o Chile. Não fosse também a saída providencial de Rui Patrício, a festa dos chilenos teria aumentado desde o começo.
A partir daí, Portugal e Cristiano Ronaldo tomaram conta da partida. Pressionaram mais, tiveram as melhores oportunidades e não deram tréguas à defesa do time sul-americano. Não demorou para Pizzi corrigir seu erro e deixar ao menos uma sobra na marcação de Ronaldo. Fernando Santos fez com que o garoto André Silva combinasse bem com o astro, feito a dupla que o atacante faz com Benzema no Real Madrid. Eles foram perigosos. O Chile jogou melhor do que foi contra a Austrália (1 a 1), mas esteve longe de mostrar o poder ofensivo que o levou para a Copa das Confederações.
Foi mais perigoso no segundo tempo, arriscando mais e saindo com mais vontade para o ataque. Jogou melhor. Portugal deu espaço sem, em nenhum momento, desistir da batalha. Qualquer erro poderia ser fatal. E tanto Chile quanto Portugal não deram bobeira. Foi um jogo bem disputado, de muita marcação, entrega e movimentação. Faltou talento, drible, jogadas individuais. Cristiano Ronaldo tentou, mas esteve mais para o time do que para ele próprio. Os goleiros tiveram boas atuações quando acionados. Rui Patrício defendeu voleio de Sánchez aos 12. Na sequência, Ronaldo obrigou Bravo a fazer o mesmo em chute forte.
Em alguns momentos, o jogo ficou mais rápido e franco. Mas só em alguns momentos. As defesas se sobressaíram diante dos atacantes. A torcida chilena, que começou barulhenta, diminuiu o ritmo, certamente entendendo a dureza do jogo. O empate sem gols abriu a prorrogação pela primeira vez nesta Copa das Confederações.
Prorrogação
O Chile deu a bola para Portugal nos dois tempos. Preferiu atacar somente quando tinha chances. E teve duas. No fim do segundo tempo da prorrogação, duas bolas na trave em sequência. A primeira num tiro de Arturo Vidal, que se entregou de corpo e alma à decisão. No rebote, Martín Rodríguez acertou o travessão. Seria um castigo para os portugueses se a bola tivesse entrado, mas um prêmio para a equipe chilena por sua persistência. A vaga para a final sairia nos pênaltis. E das mãos de Bravo. (Agência Estado)