Por O Sudeste
A vitória de Roberto Naves (PP) em Anápolis no último domingo, 29, marca a última vitória do governador Ronaldo Caiado (DEM) na disputa de 2020: antes dele se engajar na disputa, Antônio Gomide (PT) liderava as intenções de voto e com a fama de ser, até então, o prefeito com a mais expressiva vitória no país.
Se existia uma disputa imbatível em Goiás, era essa de Anápolis. Pois bem, a cidade catapultou a lenda que agora migra para Aparecida de Goiânia – a do prefeito invencível.
Com pouco tempo de campanha em Anápolis, ocorreu a mudança de tática e o resultado das urnas todos já sabem – o enterro definitivo do PT nos grandes centros de Goiás. A vitória de Antônio Gomide era dada como certa. Assessores afirmam que Naves ouviu muito Caiado e pediu conselhos para mudar estratégias. Em contrapartida, Caiado foi até Anápolis e pediu votos como fez em vários municípios.
O fim das disputas marca uma vitória hegemônica de Caiado no território goiano. Ele domina todos os mapas, com exceção de uma mancha de muitos votos no Centro Goiano – onde estão Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade e Senador Canedo.
Noroeste, norte, sul goiano e principalmente a região do leste goiano terão uma supremacia de gestores alinhados ao governador ou na expectativa de diálogo primeiro com ele e só depois com a oposição.
A região Leste é dividida em duas microrregiões: Vão do Paranã e Entorno do Distrito Federal. Nesta última, ele teve a supremacia que pode indicar uma reeleição, se desejar – desde 2002, nenhum governador goiano foi eleito sem ter dominado as bases do Entorno. É uma regra do jogo ir até o território aos arredores de Brasília e conquistá-lo. O checkpoint da vitória é, geralmente, o quadrilátero Luziânia-Águas Lindas-Valparaíso-Formosa.
O governador venceu nas quatro cidades, com um extra: o segundo colocado em Águas Lindas é do DEM e perdeu por 35 votos para o vencedor da disputa. Ou seja, em algumas cidades o governador terá a partir de agora apoio do prefeito e de seu opositor, que arrastou grande quantidade de votos. Outra particularidade: prefeito reeleito, Pábio Mossoró é do MDB, mas venceu o PSDB em Valparaíso com apoio de Caiado.
Em outras cidades, como Goiânia, o candidato do govenador não venceu, mas fez muitos votos – Vanderlan Cardoso (PSD) perdeu a disputa para o MDB por 27 mil votos – sufrágios insuficientes para, em alguns casos, eleger deputado estadual com as novas regras.
Em números, Caiado tem o apoio de pelo menos 165 prefeitos – compostos pelo DEM, partidos aliados e mesmo antagonistas, como o caso do MDB de Valparaíso. Neste grupo estão, portanto, até mesmo gestores que vestem a camisa da ‘oposição’, mas marcham com o governador, de olho nas parcerias, obras e recursos do Governo Federal que quase sempre são filtradas pelo bom relacionamento de Caiado com Jair Bolsonaro.
A oposição contabiliza entre 45 e 49 prefeitos eleitos, tendo MDB e PSDB como principais articuladores do grupo. O DEM sozinho elegeu 62 gestores e fala-se, nos bastidores, em um grupo de dez prefeitos interessados em “conversar” com Caiado para talvez anunciarem filiação ao partido vitorioso.
O salto do DEM de 10 para 62 prefeitos volta o partido ao seu melhor, já que em 2004, quando a legenda – antigo PFL – tinha 37 prefeitos, em uma jogada questionável de cooptação do PSDB, o partido perdeu 30 prefeitos em poucas horas.
Nas urnas de 2020, o MDB foi um dos maiores derrotados, já que perdeu de 42 para 29 o número de representantes. Seu companheiro de oposição foi o que mais perdeu: o PSDB desidratou de 73 para 20.
Diário da Manhã