Base de Ronaldo Caiado deve lançar apenas dois candidatos a senador em 2026

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O SUDESTE

Quando se trata de analisar o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, os apressados — políticos e/ou jornalistas — comem cru. Porque se trata de um dos principais estrategistas da política do país, não apenas de Goiás.

Com sua largueza de visão, Ronaldo Caiado, mal termina uma eleição, já começa planejar a próxima. Ganhou em 2018, vencendo Daniel Vilela, do MDB, e, para a disputa de 2022, foi reeleito com o emedebista na vice. Uma jogada de mestre (Tancredo Neves e Carlos Lacerda aplaudiriam). Afinal, o MDB é o partido mais enraizado em todo o Estado.

Em 2024, na disputa pelas duas principais prefeituras de Goiás, a de Goiânia e a de Aparecida de Goiânia — juntas, as duas cidades contam com quase 1,5 milhão de eleitores —, Ronaldo Caiado operou o lançamento de dois candidatos diferenciados. Ambos escolhidos pelo dedo preciso do governador — o empresário Sandro Mabel, do União Brasil, na capital e, na cidade conurbada, Leandro Vilela, do MDB.

Sandro Mabel é gestor, ou seja, o político e técnico que Goiânia cobrava (o prefeito Rogério Cruz não é visto como gestor). O ex-deputado federal Leandro Vilela, sobrinho de Maguito Vilela, é o fato novo. Os dois venceram graças, em larga medida, ao empenho pessoal de Ronaldo Caiado. À habilidade política do governador.

Diferentemente de alguns políticos, Ronaldo Caiado aprecia definições, o que não significa que é apressado, porque não é. Ele opera no timing adequado.

Para a disputa de 2026, Ronaldo Caiado definiu dois pré-candidatos: Daniel Vilela para governador e sua mulher, Gracinha Caiado (União Brasil), para senadora. A vaga de vice e a vaga restante para o Senado ficam, por certo, para 2026.

Há vários postulantes ao Senado na base política de Ronaldo Caiado, como Alexandre Baldy, Gustavo Mendanha (também cotado para a vice), José Mário Schreiner (cotado para a vice), Jorge Kajuru (filiado ao PSB, ainda assim, é próximo do governador, por laços de amizade e lealdade), Paulo do Vale (União Brasil), Vanderlan Cardoso (PSD), Major Vitor Hugo (PL), Pedro Sales (União Brasil, talvez para vice) e Célio Silveira (MDB).

Há a possibilidade de se repetir o quadro de 2022, com a pulverização de candidaturas a senador? É sempre possível. Porém, o mais certo é que não. Tanto que uma candidata, a mais forte, já está definida — será Gracinha Caiado. Como planeja eleger o segundo senador, a tendência é que Ronaldo Caiado defina a chapa majoritária com apenas dois candidatos. Tendência, diga-se. E um dos motivos é que Gracinha Caiado tende a puxar o outro postulante. Então, com muitos candidatos da base, longe de esta ficar forte, um nome das oposições pode acabar fortalecido.

Voltando à tese da prioridade candidatos antípodas, que não estão na base governista, mas podem acabar compondo-a, Ronaldo Caiado certamente vai operar para atrair novos aliados. Eles podem ser buscados nas oposições — no PL, por exemplo.

Para a vice, os nomes mais citados são os de José Mário Schreiner, de Paulo do Vale (prefeito de Rio Verde)? Por enquanto, são. Mas o estrategista Ronaldo Caiado vai optar pelo candidato que atraia votos novos (conquistar quem está 100% na base nem sempre é uma boa pedida eleitoral). Talvez alguém do Entorno de Brasília, como o prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto. Talvez alguém do Sudoeste. José Mário Schreiner atrai o voto do agronegócio, que, bolsonarista, anda reticente com outros grupos políticos.
Como candidato a senador, se efetivado, o ex-deputado federal Major Vitor Hugo (ou Gustavo Gayer) traz a base bolsonarista para a aliança de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. Com o PL na chapa majoritária, com um postulante ao Senado, o senador Wilder Morais, presidente do partido em Goiás, não seria candidato a governador. Ficaria de stand by para 2030, quem sabe.
Em suma, enquanto articula sua candidatura a presidente da República — podendo se tornar o grande substituto nacional de Jair Bolsonaro —, Ronaldo Caiado opera, como mestre, a política de Goiás. Porque sabe, como dizia Antonio Carlos Magalhães, o ACM, que só é forte na corte quem é forte na província. (E.F.B.)

Jornal Opção

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