A prisão, na semana passada, de cinco integrantes de uma célula do Estado Islâmico pelas forças de segurança da Rússia, fez aumentar o alerta em relação ao risco de ataques por parte do grupo durante a Copa do Mundo. O terrorismo é considerado a principal ameaça ao torneio e exige uma mobilização sem precedentes para um evento esportivo.
Nos últimos meses, informes dos serviços de inteligência da Rússia e da Europa apontam que os riscos de um atentado são “elevados”. Os cinco presos na cidade de Yaroslavl, a nordeste de Moscou, planejavam ataques em várias regiões e tinham um arsenal em seu poder. As autoridades não deram detalhes sobre possíveis alvos e datas.
Desde o ano passado, o Estado Islâmico já fez várias ameaças, usando imagens da Copa e de jogadores como Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar em seu material de propaganda. Perdendo a guerra na Síria graças ao apoio russo a Bashar Al Assad e vendo seu território diminuir de forma considerável, o grupo jihadista teria a Rússia como um de seus principais alvos.
Um dos informes que apontam nesta direção é do Escritório Federal da Polícia Criminal da Alemanha. O relatório indica um “risco elevado” de um ataque islâmico. Além da motivação de revanche contra Vladimir Putin, outro aspecto é a grande presença de russos entre os combatentes estrangeiros que viajaram à Síria e ao Iraque para ajudar os jihadistas.
De acordo com a consultoria Soufan Group, com base nos Estados Unidos, os russos estão entre as nacionalidades estrangeiras que mais engrossaram as fileiras do Estado Islâmico. Até o final de 2017, 3,7 mil deles teriam se juntado aos terroristas. Em 2015, eram apenas 2,5 mil. O temor é que esses russos podem ter voltado para casa, com o objetivo de cometer um atentado em plena Copa.
De acordo com a consultoria GWS, o norte do Cáucaso é especialmente problemático. A região receberá jogos da Copa, em Rostov-on-Don (lá o Brasil estreia contra Suíça, em 17 de junho) e é apontada como uma das bases de grupos radicalizados. “Um ataque contra um evento de grande proporção como a Copa ainda aumentaria a popularidade do grupo entre seus seguidores, decepcionados com as últimas derrotadas na Síria e Iraque”, indicou. No entanto, existem posições menos alarmistas.
Maryia Omelicheva, professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Kansas (EUA), especialista em política externa russa e contraterrorismo, admite o risco, mas pondera que os anfitriões da Copa se prepararam para enfrentar, e vencer, o problema. “A ameaça de terrorismo na Copa do Mundo é menor do que havia na Olimpíada de Inverno de Sochi (em 2014)”, comparou, em entrevista ao Estado. “A reputação da Rússia está em jogo e o governo usará toda a sua capacidade para garantir a segurança na Copa. E tem se mostrado bem preparado.”
Operações
Do lado russo, as autoridades confirmaram ao Estado que têm intensificado o monitoramento de suas fronteiras e ampliado o número de operações. Como exemplo, citaram uma no final de março, nas proximidades de São Petersburgo. Sete pessoas foram detidas, sob a acusação de estar preparando um atentado terrorista. Além disso, uma célula do EI foi revelada em justamente em Rostov-On-Don.
Num comunicado, o serviço de inteligência da Rússia informou apenas que o líder do grupo detonou explosivos antes de ser capturado. O Serviço de Segurança Federal (FSB) revelou uma célula clandestina do EI, cujos membros estavam seguindo ordens de emissários com base na Síria. Para a Fifa, os trabalhos realizados pelas autoridades russas dão “garantias” de que o evento será devidamente protegido. A entidade diz ter “total confiança” no planejamento do Kremlin para a área de segurança. (Agência Estado)