O deputado Santana Gomes (PSL) apresentou um projeto para que todo o gado de Goiás seja rastreado por intermédio de chips. No início, o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, ficou empolgado. Agora, recuou.
“O meu projeto, que passou pelas comissões e foi aprovado em primeira votação no plenário da Assembleia Legislativa de Goiás, é bom tanto para os pecuaristas quanto para o governo de Goiás e para os consumidores. Com o gado monitorado desde o início, amplia-se a fiscalização e, portanto, a qualidade do rebanho. Sublinhe-se que o monitoramento pode contribuir inclusive para aumentar a exportação de carne, porque é um símbolo de modernidade”, afirma Santana Gomes. “O produtor terá dois anos para implantar o projeto, que, no início, será viabilizado financeiramente pelo governo do Estado. O que se pretende é dar segurança total ao rebanho de Goiás, quer dizer, o projeto favorece os pecuaristas, que não têm o que temer.”
José Mário Schreiner (do PSD caiadista) lidera uma campanha para derrubar o projeto, alegando que o pecuarista, notadamente os mais pobres, não tem como pagar sua implantação. O deputado Lissauer Vieira (PSB) diz que, antes de se aprovar um projeto desta natureza, é preciso discutir com os pecuaristas. “Eles não têm como bancar programas dispendiosos a toque de caixa.”
Na terça-feira, 5, às 9 horas, a Assembleia Legislativa fará uma audiência pública para discutir o projeto. Lissauer Vieira afirma que, como o projeto não corresponde à realidade dos pecuaristas, a tendência é que seja derrubado. “Vale sublinhar que o Estado não tem, ao menos no momento, estrutura para fiscalizar de maneira ampla o exame dos chips. A Agrodefesa precisa antes ser reestruturada.” Santana Gomes contrapõe: “O programa, insisto, é positivo para os pecuaristas. E, for esperar se ter uma estrutura ampla, jamais será implantado. O governo quer colaborar e o que se pede é a compreensão dos criadores de gado. Porque, como se sabe, serão os maiores beneficiados, a curto, médio e longo prazo”.
Apesar da resistência de Schreiner — que estaria fazendo política partidária disfarçada de política classista, segundo dois deputados —, Santana Gomes acredita na aprovação do projeto. Porém, os opositores apostam que vão derrubá-lo em plenário. O presidente da Faeg disse a um interlocutor que “é preciso derrubá-lo de vez”.