O ministro da Fazenda já é uma espécie de primeiro-ministro da economia, com legitimidade e prestígio nacional e internacional
O presidente Michel Temer pode não cair, mas perdeu legitimidade e, portanto, seu governo tende a arrastar-se até o final de 2018, de maneira melancólica. Insista: se não cair. A tendência é que, com a possível cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, o peemedebista seja retirado do poder. Se não renunciar antes.
O Brasil criou uma espécie de presidencialismo político e parlamentarismo econômico, aliás, desde o presidente Itamar Franco e o “primeiro-ministro” Fernando Henrique Cardoso, como ministro da Fazenda e criador do Plano Real, na primeira metade da década de 1990. Agora, está se dando o mesmo. O presidente é Michel Temer, mas o czar da economia, inclusive com certa autonomia, é Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda e, na prática, uma espécie de primeiro-ministro.
Como Henrique Meirelles praticamente já governa o país, dada sua credibilidade no mercado nacional e internacional (frise-se que o poderoso chefão Joesley Batista reclamou que, apesar de ter sido seu “funcionário”, não atendia seus interesses no governo), se Michel Temer cair, é provável que seja eleito presidente da República pelo Congresso.
Mas há outros nomes. Dada a credibilidade, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem sido citado, mas dificilmente disputará. Primeiro, por ter quase 86 anos. Segundo, porque é citado na Operação Lava Jato. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim, sempre uma ponte entre o PT, o PMDB e o PSDB, tem sido citado. Resta saber se aglutina e se quer. Tasso Jereissati, do PSDB, tem sido mencionado. Mas, frisam, é tucano demais. O ministro da Fazenda é filiado ao PSD de Gilberto Kassab, mas guarda a imagem de ter uma certa neutralidade, uma pose, digamos, de estadista.
Há uma corrente política que avalia que a tendência é que o Congresso eleja um de seus integrantes. O problema é sua falta de “legitimidade”; vários de seus expoentes — como Renan Calheiros e Rodrigo Maia — são “lavajatistas”. Escolher uma figura decente, mas anódina, significa “paralisar” o governo